
Observando diariamente tanta pobreza no país que não a miseira é impossível não parar para refletir sobre o que é ser pobre. Às vezes penso que o que é pobreza para os países mais desenvolvidos, é normal para países como Quênia. Acreditem: eles são felizes. Pra mim é triste, pois ali não tive acesso a quase nada do que tenho e tive durante minha vida toda, mas me pergunto: “Será que se eu nunca tivesse tido o que tive até hoje sentiria falta? Será que faria diferença pra mim, sendo que eu nem saberia que existe?”. Acho que não. Acho que só ficamos alarmados porque nossos valores são outros. Acredito que só se sente falta daquilo que se conhece. Teve um momento onde estávamos no meio de um lugar horrível, sujo, com pessoas maltrapilhas e muito muito lixo espalhado pelas ruas, mas todas pessoas ali (exceto nós) estavam rindo, conversando, convivendo pacificamente. Então pensei: “quem tem que ter dó de quem? nós deles, somente por que eles desconhecem o nosso padrão de conforto e bem-estar ou eles de nós porque não sabemos mais dar valor à coisas que o dinheiro não pode comprar?”. Após esse pensamento senti um mal-estar estranho. Me senti arrogante por ter pena de quem não tem o que eu tenho, como se eu tivesse a certeza suprema de que o meu é melhor. Será que é? Não sei.
Nenhum comentário:
Postar um comentário